segunda-feira, 29 de novembro de 2010
Regressar no meu umbigo!
ADÉRITO VELOSO
É sempre difícil retornar…
Desta vez consegui “bazar” na banda onde ficou (prescindiram) do meu “estimado” umbigo! Foi na então região de Vunongue, “hodiernamente” Menongue, província dos dois K, que no princípio do mês de Maio, numa bela noite de um desses dias, há quase três décadas vim ao mundo dos “impiedosos”. Emanei e prosperei nas regiões mais recônditas desta terra que se chama Angola, e que viu nascer grandes nomes sonantes da africanidade como são os casos de: Mutuyakevela, Muandume, Ekuikui, Njinga, Katiavala, Ndunduma, Kacitiopololo, Ricardo de Mello, Vunongue e tantos outros anónimos…
Em Vunongue regressei aquando das comemorações dos 35 anos da nossa famigerada “Dipanda” e por cumprimento de uma missão, labutando lada-a-lado com homens e mulheres.
As terras do fim do mundo, como aliás eram apelidadas, hoje estão sendo transformadas “paulatinamente”, em terras da prosperidade e do FUTURO (que alias esperamos que seja risonho). Vunongue é uma região praticamente virgem. A longínqua localidade chegou a categoria de distrito (hoje província) no “anacrónico” (século passado) ano de 1961, quando o então colono “TUGA” decidiu enviar para aquela “metrópole”, o primeiro comboio, a partir da então cidade de Moçamedes, actual Namibe.
Fertilidade dos solos oferecem condições para se arar e o clima é apropriado para uma bola lavoura, são alguns dos atributos que a região “afeiçoa”. Adicionando aos campos de cultivo que estão sendo preparados (embora timidamente), para o fomento da actividade agrícola, o que facultará, o restabelecimento do “tecido” produtivo da região.
A pacata vila (cidade), Vunongue está a se erguer aos poucos, muito por culpa dos míseros (ínfimos) investimentos que estão sendo feitos e canalizados pelas entidades privadas e não só, numa altura em que, a localidade é bastante rica. Basta recordar que a cidade capital de Menongue, é dividida (atravessada) pelo rio Kuebe. Estas características fazem de Vunongue uma autêntica raridade. Não existe no país uma cidade capital de província, que um esbelto rio a atravesse!
Regressar é sempre gratificante, quanto mas não seja a terra que nos viu nascer, ou seja, nos pós ver o sol e a lua; quanto mais não seja, o alvorecer e o pôr-do-sol. Perguntem os “Mwangolês” que vivem no exterior do país, quando os rostos são rasgados pelos ventos da saudade (no kimbu kuya… ya!!!!). Gostei de retornar, quanto mais não fosse para trabalha e com alguma responsabilidade em cima da “robustez”!
Como se não bastasse, pisei pela primeira vez (é assim a dialéctica da vida), num lugar invulgar e extraordinário. No local onde foi sepultado o primeiro Rei da região, cujo nome dele é: Vunongue, que dá o epíteto actual: Menongue, (nome aportuguesado). Conheci também a fortaleza da cidade, onde os mais bravos e valorosos “habitantes” defenderam com: pedra, catanas, machados, picaretas, zagaias e em última instancias as famosas “carabinas” as terras de Vunongue, contra os mortíferos bombardeamentos dos TUGAS.
A província em si carece de muitíssimos incentivos. Falta de tudo um pouco, apesar dos esforços que estão sendo feitos para de uma vez por todas, se tira a velha e “nociva” imagem de “terras do fim do mundo”.
Na região será erguido um gigantesco e impressionante projecto turístico, denominado: OKAVANGO, que tem como protagonista, para além da anfitriã, Angola, também estão empenhados países como: Zâmbia, Namíbia, Botwana e Zimbabwe. O país vai disponibilizar para este “gigantesco” projecto, qualquer coisa como 18 milhões de dólares… boa massa!!!
Acredita-se que esse projecto irá relançar a economia e promover a estabilidade da região, que é banhada pelos rios Kuando e Kubango, que aliás dão o apelido à província do Kuando-Kubango. Aos “barões” de comércio (negócio) e do kumbo e os que determinam (CHEFES), aqui vai o meu “modesto” pedido: invistam na província dos dois K. Aquelas terras, o facto de ser a última que os “Tugas” descobriram, os seus solos estão “quase” inexplorados e virgens, fazendo do turismo o cartão-de-visita da minha “banda”.
Estas condições eco-turisticas representadas na sua rica fauna e flora, onde por exemplo na região do Luiana, (uma das localidades do Rivungo, no KK) circulam mais de 1500 mil elefantes… É obra!!! Isto só para citar esta espécie gigante de mamíferos.
Em termos de dimensão geográfica, a terra dos dois K, é a segunda maior província do Estado Angolano, depois da província do Moxico. O KK ocupa uma superfície total de 199.335 quilómetros quadrados, conta com nove municípios, sendo: Rivungo, Nankova, Diriko, Kuangar, Kalai, “Mavinga”, Kuchi, Kuito Kuanavale e Vunongue (Menongue) com uma população estimada de 714.826 habitantes. Estes números fizeram com que os especialistas chegassem a conclusão de que Portugal (antiga potência colonizadora) entrasse no KK: 14 vezes!!!
É mais uma obra da nossa ESSÊNCIA...
Lente de: Kota “50”
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