BDA financia USD 225 milhões em diversos projectos desde a sua fundação há 3 anos, numa altura em que muitos pedidos de créditos que aquela instituição bancaria tem recebido, não cumprem com os requisitos basicos
Adérito Veloso*
O Presidente do Conselho de Administração do Banco de Desenvolvimento de Angola (BDA), Paixão Franco (na foto), defende que o Estado deve apoiar as iniciativas privadas, permitindo assim o relançamento da economia, assim como tirar milhões de pessoas do mercado informal para o mercado formal, promovendo deste modo o desenvolvimento sustentável do país.
Para o PCA do BDA, falava numa conferencia promovida recentemente em Luanda, pela Agência das Naçoes Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), as potencialidades que o país dispõe no que toca à matéria-prima têm promovido o interesse dos investidores a apostarem nos diversos segmentos da economia, destacando-se a agricultura e a indústria transformadora. “O apoio a estas iniciativas por parte do Estado vai promover o aumento do emprego, a melhoria nas remunerações bem como também o combate a pobreza”.
“Os recursos naturais de Angola constituem vantagem comparativa em favor do desenvolvimento do sector privado e o governo está a potenciar estas vantagens transformando-as em competitivas, através da criação de infra-estruturas económicas (portos, aeroportos, estradas e caminhos- de- ferro), concessão de incentivos fiscais e diminuição de taxas alfandegárias. Assim como a estabilização política, económica e social do país”, destacou.
É nesta conformidade que o Banco de Desenvolvimento de Angola adoptou uma política de concepção de financiamento não massificado, mas que garanta o reembolso do crédito a longo prazo, salvaguardando o emprego, combate à pobreza, fome, e reabilitação de infra-estruturas.
“Preferimos actuar desta forma, para identificar-mos nas cadeias produtivas quais são os seus elos fracos e actuar-mos sobre os mesmos. A mensagem que temos transmitido aos nossos colaboradores é de que o mais fácil é conceder o crédito, mas o difícil é administrar, recuperar, negociar, acompanhar e fiscalizar”, afirmou.
Financiamento O Banco de Desenvolvimento de Angola financia directamente projectos com montantes de investimentos acima de USD 5 milhões. Os projectos com montantes inferiores são financiados indirectamente através dos bancos comerciais com os quais o BDA firmou convenções financeiras: BPC, BPA, BCI, BAI, BIC, BFA, Banco Sol, Banco Regional do Keve, Banco Millennium Angola, VT Russo e o BNI.
Dentre os principais projectos privados que o BDA financia, destacam-se: Produção em larga escala de cereais e leguminosas, produção e transformação de mandioca, produção de algodão, indústria de descaroçamento e prensagem de algodão, mecanização agrícola, fornecimento de insumos agrícolas, bovinicultura de corte e de leite, avicultura de frango de corte e postura, caprinicultura e ovinicultura, suinicultura, agroindústria, indústria e serviços, indústria madereira, produção de inertes e artefactos de cimento e prestação de serviços.
Apesar de não ter agências instaladas em todas as províncias, a instituição já recebeu pedidos de financiamento das 18 províncias do país.
As províncias de Luanda, Bengo e Kwanza-Sul lideram a lista de pedidos de financiamento, enquanto as províncias do leste do país, dada as dificuldades resultantes do longo conflito armado, têm enfrentado alguns constrangimentos. Ainda assim, o BDA pretende abrir uma agência regional na província da Lunda-Sul para facilitar o atendimento às províncias da Lunda-Norte e Moxico.
O Banco de Desenvolvimento de Angola tem como propósito principal o financiamento de projectos dos diversos agentes privados que absorvem o maior número de mão-de-obra, fomentando assim o emprego bem como o desenvolvimento sustentável do país.
Constrangimentos Na sua dissertação, Paixão Franco chamou a atenção para a informalidade do sector paralelo, pois este constitui uma ameaça ao desenvolvimento. Para o PCA do banco BDA, o mercado informal não se resume apenas às zungueiras e muito menos ao mercado Roque Santeiro em Luanda. “Existem empresas instaladas no centro da cidade de Luanda que não pagam impostos ao Estado. Não apresentam e nem têm contabilidade, mas quando pedem crédito ao banco e se lhes pede a contabilidade, dizem que o banco complica. Isto também é informalidade”, destacou.
O fraco fornecimento de energia eléctrica, o funcionamento deficiente dos portos e aeroportos, bem como a burocracia que se regista actualmente na obtenção dos diversos documentos para a constituição e certificação de uma empresa, também preocupam o PCA do Banco de Desenvolvimento de Angola.
Por outro lado, Paixão Franco entende que o uso de energia alternativa (eólica e solar), a construção de mini-hidroeléctricas, formação de pessoal próprio, internalização de tecnologias, planeamento das importações e a estruturação dos sectores de assistência técnica e de suprimentos constam das soluções práticas e eficazes para a solução de problemas específicos.
Fotos: Pedro Salvador
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